terça-feira, 28 de maio de 2013

Desilusão

Vesti a máscara de rameira sem coração e expulsei-te da minha vida como um cão rafeiro. Disse-tas todas, as que estavam entaladas à muito, rebaixei-te, humilhei-te, exigi, retratei-te como prejudicial e carimbei-te de nocivo. Desprezei com todas as minhas forças o que sentia, para que tu percebesses e te desses todo a mim. Revolta, fúria, indignação, era o que eu esperava de ti. Que organizasses um motim, que me tratasses mal,  que me agitasses o corpo em sinal de revolta e vociferasses que não, não e não!. Que me supusesses bêbeda, drogada, sei lá inebriada por qualquer outro motivo. Que achasses que o almoço me caíra mal, que me parou a digestão e o cérebro. Que me chamasses de tola, imbecil, pateta. Que a tua felicidade era eu e não irias abdicar dela assim sem luta. Que oferecesses resistência pela nossa felicidade. Mas tu lixaste-me bem quando aceitaste tudo com esse ar de carneiro mal morto e te postaste no teu canto resignado. Morreste na praia, caíste antes da meta, perdeste a voz um segundo antes do discurso e ficaste-te. Foi nesse momento que percebi que já tinhas desistido de mim por ventura há muito tempo atrás.

Sem comentários:

Enviar um comentário